terça-feira, 23 de agosto de 2011

Casamento - Uma Mitsvah!

"Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou e se foi. As flores se mostram na terra, o tempo de cantar chega e a voz da rola se ouve em nossa terra."    Cântico dos cânticos 3.11





Vemos pelas Escrituras Sagradas que viver só, não é, nem nunca foi a forma ideal de se viver. O próprio D'us disse:

"...Não é bom que esteja o homem só; far-lhe-ei uma companheira frente a ele."    Bereshit 2.18

D'us criou a mulher por causa do homem, para ser sua companheira; por isso mesmo o celibato não é visto com bons olhos pelo judaísmo:


"Quem não tem esposa, vive sem alegria e sem bênção."    (Talmud, Zebamot 62)

"O solteiro é considerado meio corpo."    (Zohar)


A união entre um homem e uma mulher é uma mitsvah:

"Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma (só) carne."    Bereshit 2.24

Querer casar está em sintonia com a vontade de D'us!

No princípio não havia ritual de cerimônia como temos hoje para o casamento; mas os líderes religiosos instituíram um cerimonial ritualístico para evitar a possibilidade de promiscuidade, sendo esta cerimônia baseada na Torah e na Tradição.     

O casamento é algo instituído por D'us com a finalidade de abençoar a vida cotidiana do homem e da mulher, pois D'us disse:

"...Não é bom que esteja o homem só..."

Vemos nesta pronunciação que D'us se importa com a felicidade e bem estar do homem e por isto criou a mulher. Sendo assim, ambos se completam para serem felizes sentimentalmente.

O homem é um ser social desde o princípio de sua existência e por isso D'us disse:

"...Frutificai e multiplicai, e enchei a terra..."    Bereshit 1.28

 A procriação é algo determinado por D'us. Vemos nas Escrituras Sagradas muitas mulheres orando para conceberem de seus maridos.

Isaac ora por Rebeca para que esta concebesse um filho seu:

"E orou Isaac ao Eterno, em frente à sua mulher, (que orava também) porque era estéril; e atendeu o Eterno, e concebeu Rebeca, sua mulher."    Bereshit 25.21

A concepção é fruto da união entre o homem e sua mulher.

Quando falamos de casamento, logo nos vem à mente o amor. Sendo assim, o que vem primeiro? O casamento ou o amor? Creio que as duas possibilidades ocorrem, pois cada caso é um caso.

Há uma citação curiosa a este respeito na Torah com base na passagem de Bereshit 24.67:

"67 - e amou-a - O rabino Samson Raphael Hirsch destaca a ordem deste versículo: casamento e depois amor. De acordo com a visão judaica, o casamento não é a culminação do amor entre dois seres humanos e sim o início de um verdadeiro amor. (E)"    (Torah p.65)

Curioso notar que Isaac não "namorou" Rebeca, mas uniu-se (casou-se) com ela tão logo chegou ao seu encontro, e assim também foi consolado da morte de sua mãe.

"E saiu Isaac para passear (rezar) no campo, nas horas da tarde; e levantou seus olhos, e viu, e eis que camelos vinham. E alçou Rebeca seus olhos, e viu Isaac (...)  E tomou o véu e cobriu-se. (...) E a trouxe Isaac à tenda de Sara, sua mãe, e tomou Rebeca, e ela foi para ele esposa, e amou-a, e consolou-se Isaac da morte de sua mãe."    Bereshit 24.63-67

Daí vem a tradição na cultura judaica da mulher cobrir a cabeça e a face com  um véu durante a cerimônia de casamento; também o uso da chupah (tenda) para realizar a cerimônia.  

A mulher, na cultura judaica,  tem um papel importante ao lado de seu marido; baseados na passagem de Bereshit 31.4, 5-13, 14-16, os líderes religiosos disseram:

"Se tua mulher é de curta estatura, curva-te e pede-lhe conselho."    (Baba Metsia 59)

É certo, contudo que a última palavra é a do marido, visto ele ter sido instituído por D'us como líder de sua casa.

No episódio do Éden, Adam ouviu Havah quanto a comer da árvore que D'us havia dito para não comerem. Isto nos aponta para um fato: Havah, neste caso, desprezou a liderança de seu marido e principalmente a ordem de D'us, por outro lado, Adam deu ouvidos à Havah, e desprezou também a ordem de D'us. Conclusão: Quando não se respeita a hierarquia instituída por D'us, tudo dá errado.

Não estou aqui julgando Havah, nem Adam pela suas atitudes quando comeram da árvore que D'us ordenou que não comessem, apenas mencionando e analisando à luz das Escrituras os princípios que D'us estabeleceu.

D'us é o líder supremo e o ser humano deve estar subordinado a Ele para que tudo vá bem.

Na hierarquia temos:

1) D'us

2) Homem

3) Mulher

Atualmente, infelizmente, temos visto muitas sociedades aceitando a inversão dos princípios estabelecidos por D'us e por isto vemos tanta desarmonia na vida humana: Mulheres querendo ser líderes em suas casas e algumas vezes maridos se sujeitando a isto. É lamentável tal procedimento! Porém, ainda há um remanescente fiel às Escrituras Sagradas. Quando se tem famílias seguindo os princípios da Torah e respeitando a hierarquia familiar, vemos os resultados: famílias em harmonia!

Não é o caso de vermos a mulher sendo ignorada, ou humilhada por seu marido, como muitos opositores da Torah insistem em assim fazer. Mas, ao contrário disso, que o marido trate sua esposa com carinho e respeito, compartilhando com ela as situações, ouvindo-a como vimos no caso de Isaac e sua família. Contudo, entendamos que a decisão final nas situações é dada pelo marido.

Se as sociedades entendessem isto e assim procedessem, teríamos um quadro melhor do que o que temos visto atualmente entre as famílias de um modo geral.

Um outro aspecto interessante de ser abordado aqui sobre a união matrimonial pode ser analisada a partir da história de Rute, que estando viúva, ouviu os conselhos de sua sogra e escolheu Boaz para ser seu novo marido, tendo em vista a ordenança do casamento por levirato que diz que quando um homem casado morre sem deixar filhos, seu irmão deve tomar a viúva como sua esposa para que, tendo filhos dela, preserve o nome do falecido.

Sendo assim, neste caso, vemos que o parente mais próximo alegou motivos pelos quais se respaldou em recusar tomar Rute como esposa. Boaz, então, realiza a cerimônia de Chalitsah, que dentre outras coisas, descalçou seu sapato, formalizando, assim, a recusa do parente mais próximo e em seu lugar assumindo o direito de se casar com Rute.

A Torah cita:

"...O exegeta Malbim comenta que foi  por isto Naomi ordenou a Rute descobrir seus´pés num gesto que o lembraria de Chalitsah e, desta forma, da obrigação de desposá-la."   (Torah, pp.660-661)

Rute era uma moabita, porém havia aderido ao judaísmo, seguindo portanto ao D'us de Israel, sendo bem sucedida em sua decisão, Rute foi mãe de Obed e bisavó do rei David - Rute 4.21-22

Quando seguimos as mitsvot que o Eterno nos deu, a consequência é sermos abençoados em tudo o que fazemos. Sendo assim, somos também abençoados na vida matrimonial.

Outro caso interessante é a história de Hadassah (Ester), uma judia vivendo em terra estranha, teve sua vida e a de seu povo mudada através de seu casamento. O rei Achasherósh (Assuero), despede sua esposa Vashti por ter-lhe desprezado. Sendo assim escolhe, dentre muitas mulheres, Hadassah, que se torna rainha e arrisca sua própria vida em favor de seu povo. Ao contrário de Vashti, vemos pelas Escrituras Sagradas que Hadassah reconhecia a hierarquia no casamento, sendo respeitosa no trato com seu marido,  e o rei por outro lado, a tratava com carinho e respeito também.

Os princípios básicos para um casamento feliz estão nas Sagradas Escrituras; seguindo-os, as bênçãos de D'us recaem sobre a união!

"As muitas águas não poderiam apagar o amor nem os rios afogá-lo."    Cântico dos cânticos 8.7





Shalom!

Hadassah Chai (Tatiana Calado)